Nos finais dos anos 70 surgiu no futebol em geral, e em Portugal em particular uma nova classe: os professores, técnicos na área da preparação física.
Olhados de soslaio e mesmo com muita desconfiança pelos treinadores de futebol, pois desconfiavam que os novos parceiros seriam mais tarde ou mais cedo concorrentes ao lugar de técnico, eram vistos pela esmagadora maioria das pessoas como uns teóricos que pouca falta faziam ao futebol, lembro-me mesmo de alguma controvérsia com a entrada do Professor Monge da Silva no Benfica, por exemplo. Na maioria os treinadores de então eram ex-jogadores e geralmente nem cursos tinham. Muitos tinham uma cultura limitada ao factor campo de futebol e pouco mais e a presença de gente com canudo fazia-lhes espécie.
Nos tempos de hoje os professores já são treinadores de futebol, e o facto é perfeitamente natural. Mais do que isso, o profissionalismo no futebol actual, aproxima-se muito do chamado futebol americano, que na altura era fonte de estranheza, com a especialização de vários aspectos da componente de treino. E não faltará o dia em que haverá um técnico para além dos guarda-redes, para os diversos sectores do sistema de jogo, e mesmo para alguns aspectos técnicos como cantos, jogadas defensivas ou atacantes, tudo sobre o comando de um supervisor total, o chamado manager. Por ventura já haverá mesmo quem o faça.
Porque falo de Pako Ayesteran? Porque esta personagem, a iminência parda da equipa técnica de Flores é para mim um mistério. Muita coisa já li sobre o homem mas ainda não consegui definir o personagem. Pelo que sei é muito mais que um “simples” preparador físico. No Liverpool com Benitez diziam ser ele a fazer as primeiras escolhas para o 11, mercê das performances físicas dos jogadores. O excessivo protagonismo do homem, estando muito próximo dos jogadores ao invés de Benitez, terá levado a um antagonismo insanável entre ambos, cortando com a colaboração mútua de 11 anos.
Estranho como alguém com um título de campeão europeu tenha-se juntado a um técnico sem grande expressão como era e ainda o é o Flores. Mais estranho não ter tentado a carreira sozinho.
E no Benfica como tem sido? Há muito que estou para escrever sobre o homem, mas como já disse tenho muitas reservas sobre a personagem. Há tempos por acaso ouvi uma conversa de alguém que não vou dar a conhecer, sobre algumas “queixas” sobre o seu trabalho. Aquilo passou-me até ler num jornal, não muito credenciado pela maioria da opinião pública, mas curiosamente muito lido, sobre o mesmo assunto. Curioso que feito quase nos mesmos moldes que eu tinha ouvido na tal conversa.
Segundo parece o homem é um maníaco pelo trabalho e pela utilização de máquinas, o que enerva um pouco os jogadores, nomeadamente os de origem latina, e principalmente aqueles que gostam de um trabalho mais, direi, tranquilo.
Os jogadores estão tão controlados que nenhum tem uma grama de gordura a mais no seu corpo. Que maravilha para as suas esposas. Mas o que mais irrita alguns é o facto dele decidir conforme os seus parâmetros se tal jogador treina hoje no relvado ou vai para o ginásio, não cabendo essa decisão ao técnico principal. E quando os jogadores em vésperas de jogos, em vem de estarem sossegadinhos a jogar à lepra, são “convidados” a irem para o ginásio, alguns deles reagem com muita desconfiança a esta relação profissional entre o técnico principal e o seu preparador físico. Para alguns mesmo, nesta fase da época tal intensidade de treino é despropositada, mas isso pode resultar de muitas interpretações, que eu não estou abalizado a comentar.
O que me preocupa é que, na mentalidade portuguesa do homem forte, quando uma personalidade em princípio secundária, aparenta ter excessivo protagonismo, o reflexo no líder pode não ser o melhor.
Curiosamente nos últimos jogos o técnico-adjunto Fran Escribá não tem estado junto a Flores no banco dos suplentes. Quem tem estado? Pako Ayesteran. Qual o significado disso em relação ao protagonismo de Pako Ayesteran e as alegadas criticas? Recado interno?
Bah…o Benfica é mesmo um clube muito complicado.
Bola7 falou…