Aos 107 anos a equipa de futebol sentiu sua a honra dos pioneiros, e quando estavam reunidas as condições para o fracasso fez jus à história fabulosa iniciada no bendito ano de 1904, por um grupo de visionários, triunfando no último suspiro de um jogo que exacerba a paixão do adepto mais sossegado.
“Finalmente” o senhor cansaço entrou em cena domingo ao final da tarde, num estádio cheio de adeptos regressados após a noticia do também regresso da equipa de futebol do Benfica, à alma encarnada.
A necessidade aguça o engenho, neste caso, a necessidade imperiosa de pontos obrigou os mesmo a disponibilizarem-se além dos limites, com o caxineiro Coentrão, homem saído de terra de gente rude e que durante muitas décadas labora além dos limites com consequências terríveis, a dar o exemplo máximo.
Alguns jogadores precisam de descansar, em especial Gaitan, Coentrão e Salvio, mas foram lançados porque não há soluções à altura. Já assim aconteceu no ano passado, e este ano repete-se apesar do mercado de Inverno.
Na 1ª parte, o Benfica ensaiou o seu jogo típico de bola corrida pelas alas, mas desta vez coxa na esquerda, e sem a vivacidade habitual. Foi uma 1ª parte morna porque o Marítimo nunca caiu na tentação de procurar mais que o empate, deixando o jogo entregue ao futebol atacante encarnado, que por cansaço e por falta de espaço não funcionava da forma habitual, nem sequer aproveitando um jogo estranho do novel Jardel.
Quanto à arbitragem, o normal, ou seja os penaltys para o Benfica têm sempre uma definição diferente da dos outros…adiante.
O pós intervalo não trouxe grandes novidades. O tempo foi passando e a agitação e nervosismo a tomar conta de todos…técnico, jogadores e adeptos.
Sentia-se também a sensação de dejavú…típica dos jogos no qual o guarda-redes adversário faz a exibição da vida, que podemos andar uma tarde inteira a chutar que a bola não entra e que o adversário na 1ª oportunidade não perdoa.
JJ perde a cabeça e resolve arriscar, mas da forma mais estranha, apelando à sua “estrelinha”, fazendo 3 substituições na minha óptica…direi, estranhas.
Tira o único jogador capaz de pensar o jogo com inteligência, e que até estava em bom plano, Pablo Aimar e lança Jara. Ainda pensei que ele pensasse em Gaitan para o comando de jogo, mas não, este manteve-se a fazer numero na ala esquerda até JJ perceber que se alguém tapasse a boca ao pobre, este caía redondo. De imediato troca Gaitan por….Kardec. O meio campo e comando de jogo fica entregue ao trinco Javi.
O jogo fica muito estranho, partido, e a defesa à mercê dos contra golpes insulares. Os jogadores tentam em lances individuais resolver o jogo, mas nada sai bem, e a infelicidade impera na finalização, ou por falta de jeito, ou por valor do guarda-redes adversário.
Mas bastou uma aberta para Coentrão em grande esforço servir um exausto Salvio cuja vontade faz a diferença. De imediato JJ reage e lança finalmente quem teria sido mais eficaz em campo no último quarto de hora, Carlos Martins. Aqui a ideia de JJ terá sido perdido por um, perdido por mil, já que o empate ou derrota seria praticamente a mesma coisa, e retira Javi ao invés de um, ontem, medíocre Saviola, na esperança que o pequeno argentino fizesse a diferença.
Martins entrou com muita concentração no jogo, e sem os histerismos habituais, ainda foi a tempo de lançar boas iniciativas para Jara, que entrou tarde mas bem, ou mesmo com passes de qualidade para a grande área. A à vontade a fortuna ajuda. No último momento do último lance Coentrão faz aquilo que se tentar repetir 99 vezes em 100 não consegue, marcar um golaço naquelas circunstâncias com o pé direito.
Acredito que no momento em que ele se decidiu assim centenas de pés dos nossos esternos jogadores chutaram a bola ao mesmo tempo direccionando a bola para o lugar certo, de encontro às redes, e mais não é preciso dizer.
PS: Momento mágico que serviu para enfiar muitos melões a certa gente que já esfregava as mãos de contentes lá para as bandas de contumil. E lá festeja o Benfica o aniversário, não precisando de apêndices descobertos em poeirentos baús de gente alheia…
Bola7 falou…